Entrevistas – Desenvolvedor Java – Conflito #16

Eu adicionei esse tema ao meu repertório de perguntas porque, quando entrevistado em 2020 para uma função de liderança técnica, me questionaram sobre resolução de conflitos e isso me fez refletir sobre a importância disso no dia a dia, não apenas para líderes, mas para todas as pessoas que trabalham com outras pessoas. Neste post, irei descrever as minhas respostas e contar mais sobre a motivação para as perguntas do tema “Conflito”, mencionado no post #0 da série.

Motivação

Não, não é sobre o conflito que as vezes acontecem quando você faz um git merge e tem que resolver manualmente… rsrs

A palavra conflito pode ter vários significados em contextos diferentes, mas aqui o direcionamento intencional é para o ambiente de trabalho em equipe na área de desenvolvimento de software.

Talvez você não conheça Git e ai não tenha entendido o que eu disse ali em cima, então vou trabalhar um pouco mais esse exemplo para contar a minha motivação e vou remover a parte mais técnica de versionamento para simplificar. Um conflito no Git acontece quando existem duas intenções de alterar o mesmo local de formas diferentes.

Trazendo essa abordagem para equipes de desenvolvimento de software, o que acontece quando duas pessoas têm ideias de solução diferentes para resolver o mesmo problema? E quando está relacionado a um comportamento pessoal? Nesse sentido, ao perguntar sobre conflito, a minha motivação é observar a atitude da pessoa para lidar com as próprias emoções e relações interpessoais.

Perguntas

  • O que faria você entrar em um conflito com um colega de trabalho? Como você resolveria?

Resposta: Conflitos de ideias surgem a todo momento com colegas de trabalho e eu vejo isso como positivo se estiver focado em soluções. Nesses casos, costumo agir como um mediador, que fala e escuta todos os pontos de vista buscando achar uma solução que seja boa para todos e, em muitos casos, isso já foi possível, mas também houve cenários em que não agradou todas as pessoas e ai procuro deixar claro o contexto e os motivos para a tomada de decisão, tanto quando é a decisão da outra pessoa quanto quando é a minha. Quando o foco não é a solução de problemas no trabalho, eu tento ativamente trazer o foco para entender o contexto e resolvê-los.

  • Você já precisou intermediar algum conflito entre colegas de trabalho? Como resolveu?

Resposta: Eu geralmente me envolvo bastante nas questões que afetam a equipe, então já aconteceu de eu ver a necessidade de intermediar conflitos algumas vezes, tanto para (1) conflitos em ideias de soluções para o trabalho quanto para (2) conflitos mais pessoais e (3) teve até um caso que chegou próximo de uma agressão física entre membros do mesmo time por um conflito de valores, cultura e comportamentos agressivos. Cada caso é diferente, mas em geral, no primeiro cenário eu busco entender o contexto, ouvir as ideias e chegar em uma solução juntos, as vezes criamos até uma outra ideia melhor do que as já pensadas unindo forças para resolver a questão. No segundo cenário, muitas vezes, já me procuraram para me notificar de problemas pessoais e outras vezes eu mesmo percebi, em ambos os cenários busquei conversar individualmente com cada pessoa e incentivar uma conversa sem que eu precisasse estar junto como mediador, em muitos casos funcionou bem e em outros não deu certo e ai me envolvi para ajudar a resolver o conflito. No terceiro caso, só tive uma experiência e nunca aconteceu algo parecido comigo diretamente envolvido nesse tipo de conflito, nesse cenário único eu entrei como mediador de imediato, chamando as pessoas envolvidas para conversar e entender o que estava acontecendo ali, depois de ouvir, coloquei a minha visão sobre as ações de cada uma mostrando os pontos em que ambas estavam certas e erradas na minha visão, deixei claro que respeito era fundamental e que elas precisavam aprender a conviver e contribuir uma com a outra ou se mudar, depois notifiquei o RH e a gestão sobre as ações e medidas que eu tomei para resolver.

Como desenvolvedores, estamos muito conectados a máquinas, dizendo para elas como elas devem trabalhar para que atendam os nossos objetivos e elas costumam obedecer exatamente aquilo que mandamos elas fazerem. No entanto, o ser humano não é um computador e para entregar software de qualidade, nós precisamos trabalhar em equipe, seja com pessoas de um mesmo time, um(a) cliente, alguém que escreveu um livro, um artigo, um post no Stack Overflow, um(a) professor(a), alguma pessoa. Trabalhar com pessoas pode ser um grande desafio, assim como viver em sociedade, lidando com diversas opiniões, teorias, diversos valores, pontos e ângulos de vista diferentes dos nossos.

Cada pessoa enxerga, lida com conflitos e/ou os evita de diversas maneiras. Como é que você pensa e se comporta nessas situações?

Eu não acredito que a ideia de separar o pessoal do profissional funcione na prática e acho que até hoje não inventaram uma fórmula mágica para nos transformar em máquinas sem afeto, emoções e sentimentos no trabalho. No entanto, em alguns momentos da minha carreira eu mesmo me posicionei como uma máquina ignorando o meu subjetivo e posso dizer que existem muitas recompensas nesse caminho, mas o preço é alto demais e continuo aprendendo como é importante flexibilizar o mindset para equilibrar profissional e pessoal. (Super fácil, né?! Só que não rs)

Por essas razões, o autoconhecimento, as habilidades sociais e outros muitos fatores são tão importantes para nós, seres biopsicossociais, em um contexto empresarial de solução de problemas e criatividade, como eu vejo ser o de engenharia de software.

Para saber mais

Já parou pra pensar nessas coisas? Concorda ou discorda de algum ponto? Comenta ai e vamos aprender mais juntos.

Espero que te ajude 😉

Deixe um comentário

Faça o login usando um destes métodos para comentar:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s